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Lançamento do livro celebra a trajetória do funk santista

by contatorapclick

Do topo dos morros de Santos, o som que vibra nas vielas conquistou o Brasil — e agora ressoa internacionalmente. Nesta quinta-feira, 9 de outubro, às 19h, essa caminhada será homenageada com o lançamento do livro “A História do Funk Santista – A Arte Santista Protagonista no Brasil e no Estado de São Paulo”, escrito pelo historiador e pesquisador Diego Turato. O evento será realizado na Estação da Cidadania, localizada na Avenida Ana Costa, 340, em Santos, com entrada gratuita.

Mais do que um estilo musical, o funk santista é uma manifestação cultural que impactou a vida de milhares de jovens e redefiniu o cenário da música brasileira. Com batidas aceleradas, letras que retratam o cotidiano das periferias e uma estética singular, o gênero se firmou como uma das expressões mais genuínas do funk paulista.

A origem remonta aos anos 2000, quando comunidades como São Bento, Nova Cintra e Rádio Clube se tornaram palco de rimas improvisadas e caixas de som potentes. Influenciado pelo funk carioca, o estilo santista desenvolveu uma identidade própria: batidas de 150 BPM, letras que misturam ostentação, crítica social e vivência periférica.

Sem acesso a equipamentos profissionais, os artistas começaram com o que tinham — celulares, microfones simples e muita criatividade. Os bailes se espalharam pelas ruas, criando uma rede de comunicação entre os jovens e fortalecendo a cultura local.

Foi nesse ambiente que surgiram nomes como MC Davi, MC Hariel, MC Pedrinho e MC Don Juan — todos iniciaram suas carreiras em Santos, participando de batalhas de rima, bailes e gravações caseiras.

A internet foi um catalisador dessa ascensão. Plataformas como YouTube e Spotify permitiram que os artistas locais alcançassem públicos em todo o país — e até fora dele.

Os videoclipes gravados nas comunidades, com linguagem direta e estética própria, passaram a ser consumidos por jovens de diferentes realidades. O funk deixou de ser marginalizado e passou a ocupar espaços antes impensáveis — como festivais, programas de TV e campanhas publicitárias.

Apesar da visibilidade, o funk santista ainda enfrenta obstáculos. Muitos bailes são interrompidos por ações policiais, e o gênero continua sendo alvo de preconceito e criminalização. Há quem ainda associe o funk à violência, ignorando seu papel como instrumento de expressão, inclusão e transformação social.

O livro de Diego Turato, mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, é resultado de uma pesquisa profunda sobre o funk produzido em Santos. A obra busca registrar e valorizar essa trajetória, mostrando como o ritmo local se tornou protagonista no Estado de São Paulo e no Brasil. O lançamento será uma oportunidade para conhecer o autor, trocar ideias e celebrar uma cultura vibrante da Baixada Santista.

Hoje, o funk santista é símbolo de identidade e potência criativa. Ele dá voz a quem muitas vezes é silenciado e mostra que, mesmo diante das dificuldades, é possível sonhar alto. Dos morros de Santos para o mundo, o funk segue pulsando — rápido, intenso e cheio de histórias para contar.

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